sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Foto de afegã que teve nariz arrancado pelo marido é premiada

O concurso World Press Photo premiou na sua 54ª edição a fotografia tirada pela repórter fotográfica Jodi Beiber a Aisha, uma mulher afegã, vítima dos Taliban, a quem foi mutilado o nariz e parte da orelha e que fez capa da revista Time, em agosto passado.

Para além de ter ganho o grande prémio deste concurso internacional, o retrato de Bibi Aisha valeu ainda o prémio na categoria de Retrato.

"Esta pode ser uma daquelas fotografias - e nós temos talvez umas 10 durante a nossa vida - em que quando alguém diz sabes aquela fotografia com a rapariga....´e sabemos de imediato sobre qual estamos a falar", considerou David Burnett, presidente do júri do World Press Photo.

"É uma imagem extraordinária, uma fotografia diferente e assustadora. É muito para alem desta mulher em particular, mas sobre o estatuto das mulheres no mundo", adianta outro elemento do júri citado em comunicado oficial da WPP.

Aisha foi oferecida a um marido violento como forma de paga de uma divida de família Devido aos maus tratos tentou fugir de novo para casa. Como castigo o regime Taliban determinou que deveria ser desfigurada desta maneira.

Acabou por ser encontrada e ajudada por uma equipa norte-americana de cirurgiões que a levaram para os EUA para ser alvo de cirurgia reconstrutiva. Quando fez a capa para a Time tinha 18 anos.

A 54ª edição do World Press Photo 2010 premiou 56 fotógrafos, de 26 nacionalidades, em nove categorias diferentes. A edição deste ano bateu o recorde de participação, com 108059 fotografias, de 5847 fotógrafos, de 125 países diferentes a serem submetidos a concurso


noticia do site : http://www.boasnoticias.pt/index.aspx?p=MenuDetail&MenuId=5441&ParentId=22

4 comentários:

Carla Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carla Silva disse...

Como um(a) fotógrafo(a) pode ficar conhecida por uma simples fotografia. É preciso "estar no sitio certo à hora certa"

joaquim pinto disse...

Ver um rosto desfigurado acarreta sempre uma enorme sensibilidade, acrescida ainda mais quando sabemos os motivos. Tal como a jovem afegã fotografada em 1985 para a National Geographic, rosto que ficou mundialmente conhecido, também a face sem nariz desta jovem da mesma nacionalidade pretende ficar gravada nas mentes de todos. Aisha, fotografada com apenas 18 anos demonstra para a objectiva o destino cruel, selvático e sórdido que teve às mãos de um marido violento e de um regime repressivo.
Posteriormente esta jovem mulher foi encontrada por uma equipa de cirurgiões plásticos que a convidaram a viajar até aos Estados Unidos, a fim de proceder a uma operação reconstrutiva.
Isto é muito mais do que uma fotografia, é uma alma despedaçada às mãos da superioridade masculina no Médio Oriente. Mais do que isso, é um grito de revolta para com a posição da mulher nas sociedades árabes. Mais do que chamar a atenção, esta fotografia revolta-nos e leva-nos a perguntar que tipo de pessoa faria tamanha monstruosidade a uma jovem de 18 anos? Ninguém consegue responder a isso, mas para já podemos constatar a dor física e psicológica desta "mártir".

josé ferreira disse...

Perguntaria ainda, perante tamanha crueldade, qual o patamar mínimo para aceitação de uma liberdade política ou religiosa? Qual a fronteira a partir da qual o mundo civilizado tem que impor regras e criar limites? Ou será que vamos continuar a somar fenómenos como o que agora é reposto na memória pela força da imagem?