Lady Gaga: A glorificação da aspirante a freak
O jornalismo "já não é o que era". Cada vez mais os jornalistas escrevem mal, falam do que não sabem, fazem comentários em vez de notícias. E este é o exemplo máximo de um mau profissional. Não conseguir ser imparcial é um defeito ao qual todo o ser humano tem direito, faz parte da nossa essência tendermos para o que gostamos e rejeitarmos o que não nos agrada. Mas foi o que, infelizmente, aconteceu aqui. A certa altura do texto nota-se até um certo e infundado ódio, principalmente na frase infantil e raivosa em que diz "um deles sendo uma espécie de vestido de noiva com problemas psiquiátricos". Devia ter-se apercebido que estava a escrever uma notícia e não um texto cómico. Gostei também bastante da expressão "batida xunga", altamente ética. Num jornal querem-se notícias e não opiniões. Opiniões pedimos aos amigos. Não nutro simpatia pela personagem, mas daí insultar as pessoas, quem é esse jornalista para dar lições de intelectualidade? Será que estamos perante um novo Messias?
Título: Lady Gaga: A glorificação da aspirante a freak
Esta notíca saiu do jornal "O Público", alguns dos meus comentários foram retirados de algumas opiniões.
Título: Lady Gaga: A glorificação da aspirante a freak
"Dezoito mil duzentas e cinquenta almas receberam, num êxtase passível de ser descrito como absoluto, a primeira passagem de Lady Gaga por Portugal, ontem, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. "Portugal" foi, aliás, a palavra que a artista mais repetiu, provocando histeria colectiva a cada menção. Gaga gritou "Portugal" antes das canções, depois das canções e ainda arranjou maneira de incluir referências ao país nas letras. O público, maioritariamente constituído por crianças e adolescentes do sexo feminino, conhecia cada palavra de cada canção - e foi curioso ver mães e filhas pré-púberes a cantar alegremente letras como I'm a bitch, imitando em simultâneo os sugestivos trejeitos dançantes da americana.
Esperava-se que o concerto fosse uma megaprodução cénica, mas longe disso: havia uns néons com dísticos a imitar os diners americanos, houve fogo no piano durante uma balada, um carro cuja capota quando aberta revelava um sintetizador, houve uma espécie de redoma gigante no meio do público, de onde saiu a cantora. Mas o verdadeiro cerne do concerto, para lá das canções, da jaula de néons que trepou, dos dançarinos drag queen, dos milhentos vestidos (um deles sendo uma espécie de vestido de noiva com problemas psiquiátricos) foi apersona Gaga, espécie de padroeira dos freaks - ou pelo menos assim quis parecer.
Disse que não era corajosa, mas os fãs faziam-na ser, incitou a que os presentes esquecessem todos os que os haviam tratado mal e não haviam acreditado neles porque, tal como ela, cada fã é uma estrela (depois agradeceu a Portugal). Em seguida mostrou-se comovida por terem vindo vê-la porque, disse, sabia que os fãs tinham poupado um ano inteiro para comprar o bilhete, a farpela e conseguir transporte para o concerto (sic). Depois agradeceu a Portugal na mais alta oitava que conseguiu atingir.
Pelo meio imitou trejeitos de Madonna, em particular nos vídeos projectados em fundo, saiu de uma tenda de enfermagem apenas com duas cruzes a taparem-lhe os mamilos, debitou canções techno-pop de batida xunga (estilo que é o grosso do alinhamento e que usa para criar um ambiente de discoteca-igreja) a uma velocidade vertiginosa e ainda aceitou prendas dos fãs (a quem agradeceu à volta de um milhar de vezes). Também confessou que no liceu era gozada, mas que nasceu assim. "We love you!", gritaram as fãs no fim - tal como haviam feito no início e durante todo o concerto.
2 comentários:
Sou aluno do 1.º ano ano de Ciências da comunicação, ainda não percebo muito de jornalismo, mas é triste ler uma notícia destas ...
Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.
- Daniel
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