Baraka (1992) é um documentário experimental americano,dirigido por Ron Fricke, cinematografista de Koyaanisqatsi
"Baraka, uma antiga palavra Sufi que pode ser traduzida simplesmente por bênção (blessing), por respirar (breath), por essência da vida, é um poema visual, um filme sobre o mundo e o que há de espiritual e doentio nele, os contrastes das diferentes culturas e as semelhanças que elas têm na sua angústia e esperança na busca por Deus e na sua relação com a natureza.
Frequentemente comparado a Koyaanisqatsi, o assunto principal de Baraka é, de facto, similar, incluindo filmagens de várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimónias religiosas e cidades, misturado com a vida, numa busca para que cada quadro consiga capturar a grande pulsação da humanidade nas actividades diárias.
O documentário foi filmado em 70 mm colorido em 23 países: Argentina, Brasil, Camboja, China, Equador, Egito, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Irã, Israel, Itália, Japão, Quênia, Kuweit, Nepal, Polônia, Arábia Saudita, Tanzânia, Tailândia, Turquia e EUA. Ele não contem diálogos ou cenas coesas, mas apenas imagens e som ambiente, conversas ou cantos, que podem ser considerados o narrador latente de uma intenção universal espiritual.
Segundo os críticos, Baraka é um filme que, de modo não-verbal e não-linear, discute o sagrado e o humano; a ordem natural e a entropia; a santidade e o materialismo. Portanto, é um filme dialético, totalmente dependente da percepção e interpretação do espectador. Não importa quem você seja ou onde viva: você também está em Baraka.
A espiritualidade é latente no filme inteiro. De acordo com a Antropologia, o aumento da capacidade cerebral fez com que o homem formulasse questões mais complexas como de onde viemos e para onde vamos. A busca pela resposta levou diversas culturas diferentes a admitirem a existência de um ser superior, um Deus. Em Baraka, é como se de repente todas as culturas resolvessem mostrar qual o seu Deus, sendo que o ocidente é responsável por algumas das imagens mais tristes e chocantes do filme.
Na sua negação de um Deus primitivo que é objecto de cultos e sacrifícios, o ocidente cultua a mecanização, a ciência, colocando em segundo plano a humanidade, no sentido da compaixão. Esse é o significado da cena dos pintainhos dentro da máquina, o mesmo significado das cenas de guerra.
Baraka é um filme sobre a vida, um registro da humanidade que propõe não uma aceitação do que somos, mas a reflexão de que estamos acostumados com alguma coisa e não quer dizer que ela seja correcta, assim como se algo de outra cultura nos chocar não significa que seja algo ruim ou bárbaro. É para quem esta farto de filmes com pouco conteúdo, e da previsibilidade dos guiões básicos e ocos do tipo rapariga conhece rapaz, dificuldades separam-nos, sofrem, mas ficam juntos no final..."
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